Pierre de Fermat
Pierre de Fermat, nasceu em de agosto de
em Beaumont-de-Lomagne, perto de Montauban a sudoeste da França. Filho
de Dominique Fermat, um rico comerciante de peles que o colocou no
mosteiro franciscano de Grandselve recebendo, ali, uma educação
privilegiada. Entrou para o serviço público onde foi, em , nomeado conselheiro na Câmara de Requerimentos.
Pierre de Fermat foi talvez o maior matemático do século , mas sua influência foi limitada por falta de interesse em publicar suas descobertas que são conhecidas principalmente pelas cartas a amigos e anotações marginais em sua cópia da Arithmética de Diofanto. Por profissão, era advogado e membro da suprema corte provincial de Toulose, no sudoeste da França. Entretanto, seu passatempo e sua paixão particular era a matemática e sua criatividade casual foi uma das maravilhas da época para os poucos que a conheceram.
Suas
cartas sugerem que era um homem envergonhado e reservado, cortês e
afável, mas um pouco distante. Sua vida externa era tão calma e ordenada
como se poderia esperar de um juiz de província com senso de
responsabilidade e de seu trabalho. Felizmente, esse seu trabalho não
era tão exigente e deixou bastante tempo ocioso para a extraordinária
vida interior que florecia, a luz de lamparina, no silêncio de seu
estúdio a noite. Ele era um amante do estudo, dos clássicos e de suas
próprias ideias matemáticas que se desenvolveram em parte por sua
familiaridade íntima com os trabalhos de Arquimedes, Apolônio, Diofanto e
Pappus de Alexandria. Embora fosse um gênio de primeira grandeza,
parece que pensava de si mesmo como no máximo um sujeito inteligente com
algumas boas ideias, mas não da mesma categoria dos mestres da
antiguidade grega.
O padre Mersenne ficou sabendo de algumas pesquisas de Fermat e escreveu a ele em ,
convidando-o a compartilhar suas descobertas com os matemáticos
parisienses. A partir deste momento, Fermat e o padre Mersenne
comunicaram-se através de cartas durantes muitos anos. As cartas de
Fermat eram repletas de idéias e descobertas, e, as vezes, acompanhadas
por pequenos ensaios expositivos em que resumidamente descrevia alguns
de seus métodos. Esses ensaios eram escritos em latim e eram passados,
com excitação, de pessoa a pessoa, no grupo de mersene. Fermat resolvia
de forma genial vários problemas propostos a ele pelos matemáticos
parisienses e de volta propunha problemas que eles não podiam resolver.
Ele apreciava se desafiar e achava natural que sues correspondentes
também apreciassem. Por exemplo, uma vez o padre Mersenne lhe perguntou
se o número
era primo ou não. Tais questões frequentemente levavam anos para serem
respondidas, mas Fermat replicou sem hesitação sem hesitação que o
número era o produto de e e que cada um desses fatores era primo - e até hoje ninguém sabe como ele descobriu.
Fermat inventou a Geometria Analítica em e descreveu suas ideias em um trabalho não publicado intitulado Introdução aos lugares geométricos planos e sólidos, que circulou apenas na forma de manuscrito. Neste trabalho Fermat introduziu a ideia de eixos perpendiculares e descobriu as equações gerais da reta, circunferência e equações mais simples para parábolas, elipses e hipérboles, e depois demonstrou que toda equação de e grau pode ser reduzida a um desses tipos. Nada disto está no ensaio de Descartes, além de que este teve acesso à Introdução vários meses antes de publicar sua obra intitulada Geometria, de como apêndice de seu famoso Discurso do Método. Entretanto, nada do que poderíamos reconhecer como Geometria Analítica pode ser encontrado no ensaio de Descartes, exceto talvez a ideia de usar Álgebra como linguagem para abordar problemas geométricos.
A invenção do Cálculo é usualmente creditada a Newton a Leibniz, cujas ideias e métodos não tinham publicados até cerca de após a morte de Fermat. Entretanto, se o cálculo diferencial for considerado como a matemática de determinar máximos e mínimos de funções e desenhar tangentes a curvas, então foi Fermat o criador dessa área já no ano de , mais de uma década antes que Newton ou Leibniz tivesse nascido. Convém lembrar que Fermat escreveu vários relatos de seus métodos, mas, como sempre, não fez esforço em publicá-los. O primeiro desses era um ensaio muito pequeno que circulava em Paris em e que, de acordo com a própria afirmação de Fermat, fora escrito anos antes. Com sua honestidade usual em tais assuntos, Newton afirmou - numa carta descoberta apenas em - que suas primeiras ideias próprias acerca do Cálculo vieram diretamente "da maneira pela qual Fermat traçava tangentes."
Eram
conhecidas tão poucas curvas antes de Fermat que ninguém sentiu
qualquer necessidade de aperfeiçoar a ideia velha e inútil de que uma
tangente é uma reta que toca uma curva em um único ponto. Entretanto,
com o auxílio de sua nova Geometria Analítica, Fermat era capaz não só
de descobrir as equações de curvas clássicas familiares mas também de
construir uma variedade de novas curvas simplesmente escrevendo várias
equações e considerando os gráficos correspondentes. Esse grande aumento
na variedade de curvas que passou a estar disponível para estudo
aguçou seu interesse no que veio a ser chamado "o problema das
tangentes."
O
que Newton reconheceu na observação citada acima é que Fermat foi o
primeiro a chegar ao conceito moderno de reta tangente a uma dada curva
num dado ponto . Em essência, ele tomou um segundo ponto próximo de , sobre a curva, desenhou a reta secante e considerou a tangente em como sendo a posição-limite da secante quando desliza ao longo da curva em direção a .
Ainda mais importante, essa ideia qualitativa serviu-lhe como
trampolim para os métodos quantitativos para calcular a exata
declividade da tangente, conforme a figura abaixo.
Fermat
logo percebeu que seu método de calcular tangentes, poderia ser usado
para resolver os problemas de máximos e mínimos. A aplicação mais
memorável dada por Fermat foi a análise da refração da luz. Os fenômenos
qualitativos eram, naturalmente, conhecidos há muito tempo: quando um
raio de luz passa de um meio menos denso para um meio mais denso - por
exemplo, do ar para a água.
Quando
o famoso filósofo foi informado do método de Fermat por Mersenne, ele
atacou sua generalidade, desafiou Fermat a determinar a tangente à
curva
e loucamente vaticinou que ele fracassaria. O próprio Descartes fora
incapaz de resolver esse problema e ficou intensamente irritado quando
Fermat o resolveu com facilidade.
Esses
sucessos nos primeiros estágios do Cálculo Diferencial foram
acompanhados por realizações de mesma grandeza no Cálculo Integral,
provou de forma engenhosa, que
A
luz de todos esses feitos, pode-se, com razão, perguntar por que
Newton e Leibniz são comumente considerados os inventores do Cálculo e
não Fermat. A resposta é que as atividades de Fermat vieram demasiado
cedo, antes que os aspectos essenciais do assunto tivessem totalmente
emergido. Ele teve ideias fecundas e resolveu muitos problemas
particulares do Cálculo; mas ele não isolou o cálculo explícito de
derivadas como um processo formal, não teve a noção de integrais
indefinidas, ele aparentemente jamais observou o Teorema Fundamental do
Cálculo que liga as duas partes do assunto.
A
mente de Fermat era tão fértil que lançou focos de luz em vários ramos
da Matemática. Um capítulo menor mas significativo de sua vida
intelectual começou quando Blaise Pascal escreveu a ele em
tocando em algumas questões sobre certos jogos de azar jogados com
dados. Na correspondência que se seguiu nos meses seguintes, eles
desenvolveram juntos os conceitos básicos da teoria das probabilidades.
Este foi o início efetivo do assunto cuja influência é agora sentida
em quase todo canto da vida moderna, indo de campos práticos, tais como
seguro e controle de qualidade industrial, até as disciplinas
esotéricas da Genética, Mecânica Quântica e a Teoria Cinética dos
Gases. Entretanto, nenhum dos dois levou suas ideias muito longe.
Pascal foi logo agarrado pelos paroxismos de piedade que cegaram o
resto de sua curta existência, e Fermat largou o assunto, pois tinha
outros interesses matemáticos mais urgente.
Com
as realizações em Cálculo, Óptica, Geometria Analítica e Teoria das
Probabilidades já o coloca entre os grandes matemáticos do século ,
mas para ele essas eram todas de menor importância comparadas com a
paixão consumidora de sua vida, a Teoria dos Números. Foi aí que seu
gênio brilhou com mais intensidade, sendo considerado o fundador único
da era moderna desta área da Matemática, sem quaisquer rivais e com
poucos seguidores até a época de Euler e Lagrange no século seguinte.
As
atrações pela Teoria dos Números são sentidas por muitos, mas não são
fáceis de explicar, sendo principalmente de natureza estética. Por um
lado, os números inteiros positivos
são talvez as concepções mais simples e transparentes da mente humana;
e, por outro lado, muitas de suas propriedades mais facilmente
compreensíveis têm raízes que se afundam profundamente quase além do
alcance da engenhosidade humana.
Foram
muitas as suas contribuições na Teoria dos Números, resumidamente
podemos citar o pequeno teorema de Fermat, suas pesquisas sobre números
poligonais e o último teorema de Fermat em que ele afirma que a
equação com não admite soluções não triviais no campo dos inteiros. Ele provou o caso e deu um esboço do caso . Este caso foi resolvido por Euler em . O problema geral foi resolvido após intensas pesquisas pelo matemático Andrew Wiles em .
Pascal referindo a Fermat disse: "Procure
em algum lugar alguém que possa segui-lo em suas pesquisas sobre os
números. De minha parte, confesso que estão bem além de mim e sinto-me
competente apenas para admirá-las."
Pierre de Fermat morreu em Castres na França em de janeiro de .
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