Biografia
de Georg Cantor
Georg Ferdinand Ludwig Philip Cantor - matemático
de origem Russa, nasceu na cidade de St. Petersburg a 03 de março
de 1845. Deixou a Rússia ainda menino, emigrando com a família
para a Alemanha. Sua formação foi realizada na Alemanha
e Suíça, primeiramente na Universidade de Zurich até
1862, posteriormente na de Berlim, onde foi aluno de notáveis matemáticos
como Ernst Kummer, Karl Weierstrass e Leopold Keonecker, e finalmente
em Göttingen. Na universidade de Berlim ele recebeu o seu doutorado
em 1867, aceitando em 1872 sua nomeação na Universidade
de Halle como professor assistente de matemática, assumindo a direção
da cadeira a partir de 1879, caracterizando-se, sua vida, por contrastante
sucesso de períodos de grande lucidez, quando produziu obras geniais,
e períodos de forte depressão, que obrigavam seu internamento
em clínicas de doenças mentais.
No dizer de muitos, a teoria dos conjuntos, criada por
cantor, é uma das mais notáveis inovações
matemáticas dos últimos séculos. Nessa teoria, Cantor
apresenta demonstrações novas de fatos conhecidos e, ao
lado disso, inúmeros fatos novos. A teoria contribuiu decisivamente
para que se passasse a encarar sob outra perspectiva os problemas da matemática,
desde os que surgem nos fundamentos da disciplina até os que são
típicos de ramos especializados da álgebra, da análise
e da geometria.
Apresentada em pleno século XIX, a teoria dos
conjuntos foi muito combatida pelos contemporâneos de Cantor, suscitando
várias polêmicas. A intervenção de paradoxos
que conduziam a resultados aparentemente inaceitáveis, e a rejeição
de axiomas clássicos, muito contribuíram para o não
reconhecimento, por parte dos matemáticos da época, da nova
teoria. Todavia, com o decorrer dos anos, as aplicações
da teoria dos conjuntos vieram comprovar sua extraordinária importância
para o progresso da análise.
Os primeiros trabalhos do célebre matemático
estão voltados para a questão dos números. Cantor
estava interessado no decênio que se inicia em 1870, em estabelecer
sólidos fundamentos para o continuum dos números reais e
mostra, entre outras coisas, que há conjuntos não enumeráveis.
Ao distinguir números algébricos e transcendentais
( não algébricos, ou melhor esclarecendo: número
transcendental é um número irracional que não é
uma raiz de qualquer equação polinomial com coeficientes
inteiros. ) , Cantor encontra maneira de comparar os tamanhos de conjuntos
infinitos, mostrando que o conjunto de todos os números é
maior do que o conjunto dos números algébricos. Encarar
totalidades, e não objetos individuais ( números, pontos
ou funções ), é uma das inovações de
Cantor, revelando-se que as totalidades possuem propriedades que não
são partilhadas pelos objetos dessas totalidades. O inesperado
resultado relativo ao conjunto de todos os números algébricos,
que Cantor estabelece, bem como a total novidade dos métodos empregados,
assinalam a capacidade inventiva do jovem matemático. Em 1872 ele
definiu números irracionais em termos de seqüências
convergentes de números racionais.
Valendo-se da distinção que Bolzano havia
postulado, entre classes infinitas e finitas, Cantor define conjuntos
similares, ou eqüipotentes ( que podem ser postos em correspondência
biunívoca ), e mostra a diferença entre cardinais e ordinais,
que deixa de ser trivial quando os conjuntos são infinitos. Em
1873, ele provou que os números racionais podem ser colocados em
correspondência biunívoca com os números naturais.
Em 1874, Cantor demonstra que a classe de todos os números algébricos
é enumerável; em 1878 apresenta regra para construir classe
não enumerável de números reais.
Entre as conseqüências dos estudos de Cantor
está a de que existem totalidades que não são eqüipotentes,
podendo um conjunto infinito ser colocado em correspondência com
uma de suas partes próprias. O velho axioma do " Todo maior
que as partes " foi, assim, banido da matemática, quando se
trata de conjuntos infinitos. São vários os tipos de infinitude,
de que resultaram os números transfinitos, cuja álgebra
peculiar foi examinada por Cantor chegando a mostrar , em 1871, que em
um certo sentido " quase todos " números são transcendentais
e que daí surgiu a sua definição de continuidade
que é ainda hoje assunto de muitos estudos. O trabalho de Cantor
que conduzido pelo próprio professor Kronecker foi atacado por
muitos matemáticos, inclusive por Henri Poincaré. Apesar
da descoberta dos paradoxos da teoria dos conjuntos, Cantor nunca duvidou
da verdade absoluta do seu trabalho, tendo sido apoiado por Dedekind,
Weierstrass, David Hilbert, Russell e Zermelo. Hilbert descreveu o trabalho
de Cantor da seguinte maneira: " o melhor produto de gênio
matemático e uma das realizações supremas da atividade
humana puramente intelectual ".
A existência de conjuntos infinitos foi debatida
e severamente criticada, particularmente porque não dava meios
para a construção das totalidades em pauta e porque originava
paradoxos indesejáveis. A maneira de contornar esses paradoxos
caracteriza, em suas linhas mestras, as investigações que
ainda hoje são objetos de estudos no setor de fundamentos da matemática.
Tomando por base o contínuo linear, Cantor desenvolve
a " Teoria de conjuntos de pontos ", em que surgem noções
como as de ponto de acumulação, conjunto fechado, conjunto
perfeito, etc., bem como a teoria geral dos conjuntos, em que aparecem
noções como as de números cardinal e ordinal, ordem,
etc., que são muito comuns na terminologia contemporânea.
A metrificação de conjuntos foi explorada
por Cantor entre 1880 e 1890, chegando com os trabalhos de Borel em 1894
e Lebesgue em 1902.
As aplicações da teoria dos conjuntos à
solução de questões relativas à estrutura
algébrica de vários tipos de conjuntos e a questões
relativas às suas propriedades operatórias abriram novos
rumos para os matemáticos, ressaltando, entre outras aplicações,
a extensão dos conceitos de medida e de integral, a introdução
das noções de espaço abstrato, definido como conjuntos
de elementos com dadas propriedades, e bem assim notáveis inovações
no campo da integração e no do estudo das funções,
examinadas à luz da correspondência entre conjuntos.
A teoria dos conjuntos é um alicerce sobre que
assenta toda a matemática de hoje, tal como agora ensinada, sendo
recente a tentativa de formular uma teoria ainda mais geral que poderia
substituí-la nesse papel.
Entre 1895 e 1897, Cantor publicou " Beiträge
zur Begründung der transfiniten Mengenlehre " ( Contribuições
para a fundamentação da teoria das quantidades transfinitas
).
Em 1915, foi planejado em Halle um evento para comemorar
o septuagésimo aniversário de Cantor, tendo sido cancelado
pelo fato de que o pais estava em guerra.
Entre 1916 e 1918, Cantor adoeceu e voltou à clínica
psiquiátrica em Halle, onde faleceu no dia 6 de janeiro de 1918.
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